VAGALUME #02 _ @loi.ceramica

Luísa Vellutini

Barra do Sahy, SP

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"Essa experiência possibilitou um novo olhar para quem sou como artista e minha forma de criar"

A Luísa é uma daquelas poucas amiga-irmã que a gente recebe de presente do Grande Mistério para caminhar ao nosso lado ao longo da vida.

Nesses últimos 3 anos que fiquei maturando o projeto Vagalume dentro de mim, ela esteve muito próxima, passando por mudanças e transformações muito semelhante às minhas.

Não poderia haver ninguém melhor para inaugurar essa nova fase do Vagalume junto comigo.

Ela, assim como eu, deixou a cidade grande e veio morar pertinho do mar.

Nós fizemos esse ensaio em uma sexta-feira a tarde, de forma bem despretenciosa, natural, pra ver no que ia dar e experimentar essa ideia ainda no meu imaginário de fotografa-la fazendo cerâmica no meio das pedras.

"E ai, o que vamos levar ? Será que levamos todo o material ?"

Calor, muito peso, chuva chegando, nem sabemos se vai dar certo.

Tá bom, só o essencial então.

Pegamos o saco de argila, o arame de corte, um banquinho de madeira, a câmera e partimos em direção ao mar.

A praia da Barra do Sahy é uma das mais encantadoras da região, repleta de charme e cantinhos mágicos. Nós escolhemos o Canto Bravo para ser o cenário desse ensaio.

Chegamos e achamos o lugar perfeito !

Um palco feito de pedras, onde os convidados de honra eram o mar, as ilhas e as montanhas.

"De início, fiquei receosa em sair do ateliê e levar todo o material para um ambiente totalmente novo, mas foi incrível como me inspirou para novas possibilidades na arte e até uma nova percepção do lugar onde moro, que está ali todos os dias".

Foi lindo observar ela ir se preenchendo com a energia daquele lugar !

No meu imaginário era como se ela estivesse moldando as rochas com as próprias mãos.

E dali foram saindo reflexões, ideias, desejos... de ambos os lados.

"Ela está sempre atenta aos detalhes e registra tudo com muita poesia. O olhar da Nina é muito especial. Me ver pelas lentes dela fez eu me sentir tão bem comigo mesma, me valorizou e me fortaleceu."

Ao observar o movimento das suas mãos fiquei me perguntando :

Será que é ela que molda a argila ou o contrário ?

Minha intenção ao tirar uma mulher do seu atelier e levá-la para um lugar no meio da natureza é expandir as suas percepções e seu imaginário através do estranhamento e da dificuldade de fazer aquilo que já lhe é natural fora do seu espaço habitual.

"Durante o encontro a Nina soube me deixar muito confortável em todas as etapas - foi leve, gostoso e transformador".

O fazer manual tem uma potência de outras vidas, nos conecta a outros tempos, a outros seres.

E o mais especial, nos conecta com o nosso eu mais profundo e através dele nos permitimos ser quem realmente somos.

E é sempre bom lembrar, às vezes a gente precisa partir ao meio para recomeçar.

Espero ter conseguido dividir com vocês um pouquinho de tudo o que borbulhou dentro de mim após esse delicioso encontro.

Que venham os próximos !

Até já.